FRANCIS BACON (1561-1626)
Bacon foi para o Trinity College com doze anos e ficou três anos. Foi aí que estudou filosofia, adquirindo antipatia e hostilidade pela filosofia precedente. Não identificava nela fins práticos e achou muitos erros. Critica Aristóteles. Apesar de ter formação escolástica, essa também não lhe agradou. Ele tinha idéias de transformar a filosofia em uma coisa fértil, iluminada e a favor do bem do homem. O homem já havia sofrido demais em nome dos dogmas religiosos. Era preciso uma filosofia a favor do avanço das ciências. Bacon era um entusiasta das novas invenções, como a bússola, a arma de pólvora e a imprensa.
Enalteceu a experiência e o método dedutivo. No entanto, lhe falta à consciência crítica do empirismo (mesmo tendo sido considerado seu precursor), que foram aos poucos conquistando os seus sucessores e discípulos. Bacon continua afirmando um mundo transcendente e cristão, considerando a filosofia como esclarecedora da essência da realidade, das formas, base e causa dos fenômenos sensíveis. É uma posição filosófica que apela para a metafísica tradicional, grega e escolástica, aristotélica e tomista, unida histórica e praticamente ao lado da nova filosofia, só que de maneira menos elaborada, acabada e consciente de si mesma. Era seu lema que se vivia melhor na vida oculta. Porém, não conseguia chegar a uma conclusão sobre se gostava mais da vida contemplativa ou da ativa; sua esperança era de ser filósofo e estadista, e dizia que o conhecimento não aplicado em ação era uma pálida vaidade acadêmica. Sua mais bela produção literária, os Ensaios (1597-1623), mostram-no ainda indeciso entre dois amores, a política e a filosofia. O único defeito do estilo de Bacon são as intermináveis metáforas aplicadas em seus textos.
Tal como Aristóteles, Bacon dá alguns conselhos para se evitarem revoluções. Uma receita melhor para evitar as revoluções é uma distribuição eqüitativa da riqueza: “O dinheiro é como o esterco, só é bom se for espalhado”. Mas isso não significa socialismo ou, mesmo, democracia; Bacon não confia no povo, que na sua época praticamente não tinha acesso à educação. O que Bacon quer é primeiro, uma pequena burguesia de proprietários rurais; depois, uma aristocracia para a administração; e acima de todos, um rei-filósofo. Entretanto, o que interessa mais a Bacon não é esta ciência dos princípios comuns, e sim a ciência da natureza, e, portanto, o Novum organum, que deveria conter precisamente as regras para a construção da ciência da natureza. Como é sabido, Bacon reivindica, contra Aristóteles e a Escolástica, o método indutivo. Aristóteles e Tomás de Aquino afirmaram claramente este método, e até o reconheceram como único procedimento inicial do conhecimento humano; entretanto a eles interessavam muito mais as causas do que a experiência, o que transcende a experiência muito mais a metafísica do que a ciência.
JOHN LOCKE (1632-1704)
John Locke foi um importante filósofo inglês. É considerado um dos líderes da doutrina filosófica conhecida como empirismo e um dos ideólogos do liberalismo e do iluminismo.
Para Locke, a busca do conhecimento deveria ocorrer através de experiências e não por deduções ou especulações. Desta forma, as experiências científicas devem ser baseadas na observação do mundo. O empirismo filosófico descarta também as explicações baseadas na fé.
Também afirmava que a mente de uma pessoa ao nascer era uma espécie de folha em branco. As experiências que esta pessoa passa pela vida é que vão formando seus conhecimentos e personalidade. Defendia também que todos os seres humanos nascem bons, iguais e independentes. Desta forma é a sociedade a responsável pela formação do indivíduo.
Na educação, compilou uma série de preceitos sobre aprendizado e desenvolvimento, com base em sua experiência de médico e preceptor, que teve grande repercussão nas classes emergentes de seu tempo.
Para Locke, o aprendizado depende primordialmente das informações e vivências às quais a criança é submetida e que ela absorve de modo relativamente previsível e passivo. É, portanto, um aprendizado de fora para dentro, ao contrário do que defenderam alguns pensadores de linha idealista.
A concepção construtivista, por exemplo, institui-se com base na relação entre sujeito e objeto, enquanto a visão lockiana enfatiza apenas o objeto. Embora considerasse que a origem de todas as idéias estava fora do indivíduo, Locke via a capacidade de entendimento como inata e variável de pessoa para pessoa.
Locke se opunha às correntes de pensamento que encontravam no ser humano a idéia natural de Deus e noções de moral ou bondade essenciais. Tudo isso seria atingido apenas pela razão. Os princípios morais derivariam de considerações a respeito do que é vantajoso para o indivíduo e para a coletividade.
A educação ganhava desse modo importância incontornável na formação da criança, uma vez que, sozinha, ela se encontra desprovida de matéria-prima para o raciocínio e sem orientação para adquiri-lo.
Apesar do valor que dava à racionalidade, Locke era cético quanto ao alcance da compreensão da mente. O objetivo de sua obra principal foi tentar determinar quais são os mecanismos e os limites da capacidade de apreensão do mundo pelo homem. Para Locke, as crianças não são dotadas de motivação natural para o aprendizado. É necessário oferecer o conhecimento a elas de modo convidativo - mediante jogos, por exemplo.
Locke criticou a teoria do direito divino dos reis, formulada pelo filósofo Thomas Hobbes. Para Locke, a soberania não reside no Estado, mas sim na população. Embora admitisse a supremacia do Estado, Locke dizia que este deve respeitar as leis natural e civil. Locke também defendeu a separação da Igreja do Estado e a liberdade religiosa, recebendo por estas idéias forte oposição da Igreja Católica.
Para Locke, o poder deveria ser dividido em três: Executivo, Legislativo e Judiciário. De acordo com sua visão, o Poder Legislativo, por representar o povo, era o mais importante.
Embora defendesse que todos os homens fossem iguais, foi um defensor da escravidão. Não relacionava a escravidão à raça, mas sim aos vencidos na guerra. De acordo com Locke, os inimigos e capturados na guerra poderiam ser mortos, mas como suas vidas são mantidas, devem trocar a liberdade pela escravidão.
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